Fronteiras Interdisciplinares da Antiguidade e suas Representações

VII Jornada de Estudos Clássicos da Ufes

Tradução & Recepção

16 e 17 de maio de 2019

Autores antigos e contemporâneos coexistindo em um mesmo espaço idílico: o Monte Parnaso. Foi assim que Rafael Sanzio, no Cinquecento renascentista, eternizou a literatura poética, como uma das quatro áreas do conhecimento humano, no seu afresco localizado na Stanze di Raffaello, no Palácio do Vaticano, em Roma. Sanzio representa Apolo, ao lado das nove musas clássicas, de nove poetas da Antiguidade e outros nove humanistas, seus contemporâneos. Os elementos mesclados das diferentes temporalidades históricas no affresco italiano nos levam a um convite: a interpretação, a tradução e, posteriormente, a recriação da arte, do clássico, que se perpetua alterada devido às experiências de leitura de pessoas durante a diacronia, gerando significados que diferem ao longo das gerações e das novas atualizações das obras, formas ou conceitos. É, pois, a partir das possibilidades das reflexões sobre a Recepção e a Tradução que a VII Jornada de Estudos Clássicos da Universidade Federal do Espírito Santo apresenta sua temática.

O contato entre os pensadores contemporâneos e as obras antigas nos diferentes momentos históricos foi marcado por controvérsias e discussões. Podemos citar, por exemplo, por sua importância, a Querelle des Anciens et des Modernes, polêmica intelectual que emergiu no seio da Académie française seiscentista. Especificamente, dentro da teoria literária, destacamos, a Estética da Recepção, desenvolvida a partir de Gadamer (2003 [1960]), Jauss (2003 [1967]) e Iser (1999 [1972]), nos círculos da Universidade de Constança, nos anos 60, que veio para contribuir na historiografia literária e na interpretação textual, propondo uma relação dinâmica entre autor, obra e leitor, que geraria efeitos experimentados no e pelo texto.O ramo dessa teoria aplicado especialmente às reflexões sobre os textos da Antiguidade é denominado Recepção dos Clássicos (MARTINDALE, 1993) que deve ser entendido como uma opção crítica para o termo “tradição”. Este poderia carregar uma acepção de passividade interpretativa, enquanto aquele potencializaria o uso dinâmico dos elementos antigos, envolvendo uma participação ativa dos leitores em um processo bidirecional que colocaria em diálogo presente e passado, decompondo-os em uma infinidade de momentos temporais, já que não há Antiguidade sem Modernidade e “[...] essa visão nos daria Estudos Clássicos que não pertencem apenas ao passado, mas ao presente e ao futuro” (MARTINDALE, 2006, p. 8).

Entre as potências da recepção na Contemporaneidade, destacamos a pertinência da tradução como um elemento fundamental para a reflexão entre autores e gêneros desde a Antiguidade. Contudo, os problemas sobre essa prática pervivem até os nossos dias, pois o tradutor experimenta uma situação incômoda por sua função de mediador entre os textos que transitam por âmbitos de interpretação determinados pelos polissistemas de recepção, o que explicita que a tradução é sempre uma nova obra, diferente da original. No entanto, a partir das contribuições  da “tarefa do tradutor”, de Benjamin (2008 [1923]), e da “prova da tradução”, de Berman (2002 [1984]), a teoria tradutológica renunciou ao ideal irrealizável de tradução perfeita, optando por deslocar o problema da dicotomia traduzibilidade-intraduzibilidade para um enfrentamento mais prático da questão, que tinha, antes de tudo, implicações éticas, para além das relações interlinguísticas e estéticas ou de experimentação criativa. Pelo confronto com o Historicismo alemão e no contato com a Filosofia da Linguagem, a tradução ganhou novos sentidos e formas. Renovou-se o interesse pela adaptação e pelas esferas de alteridade conjugadas no processo tradutório na busca pela “construção do comparável” (RICOEUR, 2011), ou seja, da produção sempre provisória de semelhança, que favorece o acesso e dirime as fronteiras entre as temporalidades.

Diferentes contribuições do tema central são bem-vindas à VII Jornada de Estudos Clássicos, abordando reflexões sobre: i. a tradução ou a recepção dos gêneros literários como chave para a interação entre autores e seus gêneros da Antiguidade e das diversas épocas; ii. as relações (inter)linguísticas e a experimentação criativa na tradução dos clássicos; iii. as investigações e as críticas de traduções clássicas, em especial as recentes; iv. a teoria e a tradução literária do ponto de vista da recepção e da formação do cânone ocidental, bem como de suas tradições alternativas; v. os diálogos interdisciplinares ou teórico-metodológicos sobre a permanência clássica de obras, elementos e conceitos na diacronia, com consideração às dimensões históricas e culturais, sejam de produção, de autoria ou de crítica, a começar da Antiguidade até a Contemporaneidade.

Convidados confirmados:

  1. Profa. Dra. Ana Cláudia Romano Ribeiro, Unifesp (http://lattes.cnpq.br/9815025268221797);
  2. Prof. Dr. Augusto Bruno de Carvalho Dias Leite, Ufes (http://lattes.cnpq.br/0121495091028224);
  3. Prof. Dr. Beethoven Barreto Alvarez, Uff (http://lattes.cnpq.br/6074649671723008);
  4. Prof. Dr. Glaydson José da Silva, Unifesp (http://lattes.cnpq.br/6399650055335751);
  5. Profa. Dra. Lorena Lopes da Costa, Ufopa (http://lattes.cnpq.br/8421196716706697);
  6. Prof. Dr. Rodrigo Tadeu Gonçalves, UFPR (http://lattes.cnpq.br/0497560630462156).

A JEC

As Jornadas de Estudos Clássicos Ufes vêm, desde 2010, cumprindo um papel importante na construção de um espaço comum de debate entre as diversas áreas do saber - a história, a filosofia, a literatura, a arqueologia, entre outras - que compõem os Estudos Clássicos, área intrinsecamente transdisciplinar, fomentando o intercâmbio entre os pesquisadores do Mundo Antigo, quebrando a antiga barreira que separa os estudiosos em áreas estanques. Os resultados extremamente positivos dessa iniciativa nos estimula a reeditar o evento bianualmente, de modo a consolidá-lo como fórum permanente de debate, capaz de reunir pesquisadores e alunos de pós-graduação e graduação que têm desenvolvido pesquisas na área dos Estudos Clássicos. Desse modo, as Jornadas representam excelentes oportunidades não só para que os pesquisadores do ES integrem suas pesquisas e divulguem seus trabalhos, concluídos ou em andamento, mas também para que a comunidade universitária regional entre em contato com pesquisadores da área, oriundos de outras instituições brasileiras.

Objetivos

Tendo em vista a dupla função do ensino superior, a saber, a formação profissional e a pesquisa, a VII Jornada de Estudos Clássicos da Ufes tem como objetivos:

  • - Favorecer o diálogo entre professores e estudantes de diversos cursos da Ufes que têm a Antiguidade Greco-Romana como objeto de estudo;
  • - Ser um fórum para o intercâmbio científico entre os pesquisadores da Ufes e de outras universidades brasileiras;
  • - Apresentar aos alunos de graduação e de pós-graduação uma prática de estudo interdisciplinar;
  • - Propiciar o contato de alunos e professores do Espírito Santo com a produção científica gerada por pesquisadores da Ufes e de outras universidades brasileiras na área dos Estudos Clássicos.

Valores de Inscrição:

Com apresentação de trabalho:          

  • - R$ 50,00 [Professor Universitário ou profissional pós-graduado]
  • - R$ 35,00 [Aluno de pós-graduação ou profissional graduado]
  • - R$ 20,00 [Aluno de graduação, sendo necessária a anuência do orientador]

Sem apresentação de trabalho:

  • - R$ 15,00 [Ouvinte]

Inscrição:

Convidamos professores, pesquisadores e alunos a apresentarem comunicações sobre tópicos relacionados ao tema do evento. Os resumos de comunicações propostas não devem ultrapassar 200 palavras, e devem vir acompanhadas de: título; nome e titulação do autor; instituição a que o autor se vincula; três palavras-chave. Os resumos devem ser encaminhados até o prazo máximo de 05 de abril de 2019 para o email estudos.classicos.ufes [at] gmail.com (subject: Inscri%C3%A7%C3%A3o%20-%207JEC%2FUfes) . Os trabalhos de alunos de graduação deverão ser enviados pelo orientador. Cada comunicação não deverá exceder 20 minutos.

O pagamento das inscrições com apresentação de trabalho só deverá ser realizado após o recebimento do aceite do trabalho, através de depósito em conta corrente, com envio do comprovante por e-mail. O pagamento de inscrição de ouvinte ocorrerá no primeiro dia do evento, das 17h às 19h, na sala do Limes - Fronteiras Interdisciplinares da Antiguidade e suas Representações, segundo andar do Prédio Wallace Corradi Vianna, campus Goiabeiras, da Ufes.

Seleção dos Trabalhos

A chamada de trabalhos ocorrerá a partir da última semana de janeiro, com prazo limite para envio de proposta de comunicação estabelecido para 05 de abril de 2019. Durante este período, a Comissão Científica do evento, composta por membros da Ufes e de outras universidades brasileiras, procederá à seleção dos trabalhos, levando em conta:

  • - A pertinência à área do evento;
  • - A pertinência ao tema proposto para o evento;
  • - A relevância e atualidade do trabalho.

Só serão aceitos trabalhos de alunos de graduação e de pós-graduação mediante a aprovação do orientador. Os trabalhos aprovados receberão carta de aceite visando a maior celeridade possível, impreterivelmente até o dia 19 de abril de 2019.

Posteriormente, os comunicadores estão convidá-los a encaminhar a versão final do texto de suas comunicações para compor, juntamente às conferências, uma publicação em formato de livro eletrônico, com previsão máxima de lançamento até o primeiro semestre do ano seguinte. Espera-se as contribuições sejam encaminhadas impreterivelmente até 21 de julho de 2019 para o e-mail do evento.

Condições para submissão

Como parte do processo de submissão, os autores são estimulados a verificar a conformidade da proposta em relação aos itens listados abaixo. Os textos que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores para reformulação.

Os originais devem ser apresentados contendo entre quinze a vinte páginas, com as seguintes especificações: formato Microsoft Word; fonte Unicode e, portanto, compatível com diversos grupos de caracteres de línguas não latinas, incluindo grego e hebraico polifônicos; tamanho 12 (com exceção das citações e notas); espaçamento 1,5 entre linhas e parágrafos; e Sistema Americano de Referência (autor/data). As páginas devem ser configuradas no formato A4, numeradas, com margens de 2 cm, justificadas. Os textos das notas de rodapé devem ser exclusivamente de propósito explicativo: corpo 10, espaço simples, sem adentramento de parágrafo. A bibliografia deve ser organizada segundo as normas da ABNT e a abreviação das obras de autores antigos segundo o Oxford Classical Dictionary.

Local do evento:

A JEC será realizada no campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória-ES.

Cronograma do evento:

ETAPA

PRAZO

Convocatória e chamada de trabalhos

a partir de 21 de janeiro de 2019

Submissão de propostas de comunicação

até 05 de abril de 2019

Envios das cartas de aceite

até 19 de abril de 2019

Pagamento da inscrição dos proponentes

até 05 de maio de 2019

Pagamento da inscrição dos ouvintes

16 de maio de 2019

VII JORNADA DE ESTUDOS CLÁSSICOS

16 e 17 de maio de 2019

Envio dos certificados de ouvinte

até 31 de maio de 2019

Submissão dos trabalhos para publicação

até 21 de julho de 2019

Publicação do livro eletrônico

Primeiro semestre de 2020

Atenciosamente,

Comissão Organizadora.

Acesso à informação
Transparência Pública

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