Fronteiras Interdisciplinares da Antiguidade e suas Representações

VI Jornada de Estudos Clássicos da Ufes

Ludus: poesia, esporte, educação

08 e 09 de junho de 2017

O termo lūdus, no Mundo Antigo, tinha aplicação ampla. Dentre os seus muitos significados, encontram-se o equivalente à nossa noção contemporânea de esporte ou jogos, do lazer, e das performances visando o entretenimento; as competições públicas esportivas ou poéticas; bem como o lugar de instrução formal da retórica e oratória, locus da educação. É, pois, tendo esses eixos como norteadores que a Sexta Jornada de Estudos Clássicos da Universidade Federal do Espírito Santo apresenta sua temática.

Os jogos no Mundo Romano, entendidos como spectacula e devedores em tradição e práxis da herança helênica, eram, segundo Isidoro de Sevilha (Etymologiae, 18, 16.1-3), classificados de acordo com os locais onde aconteciam: no chão dos circos ou hipódromos, onde o espetáculo mais comum era a corrida entre carros e cavalos (ludi circenses); nos ginásios, palco do atletismo e do arremesso de peso (ludi gymnici); na arena dos anfiteatros, com combates de gladiadores e animais (ludi gladiatorii e uenationes, respectivamente); ou no palco dos teatros, com representações cênicas, musicais, mímicas e pantomímicas (ludi scaenici). Esses espetáculos e competições são lidos como elementos centrais no exercício do poder, parte vital de um discurso político que os promove e regula. Ainda que as razões estejam abertas para debate, é fato que os espetáculos passaram a integrar as festas romanas, eventos realizados anualmente, como as celebrações dos grandes festivais (ludi publici ou ludi stati), como os Ludi Romani, os Apollinares, os Cereales, os Megalenses e os Florales.

Além do ludus de caráter oficial e ligado às comemorações da comunidade, temos ainda na ampla semântica do termo o ludus poético, que tanto pode dizer respeito à produção e circulação do texto literário latino, como no caso das recitationes, como pode se referir ao próprio caráter alusivo e intertextual da obra antiga. O ato da escrita de um texto literário pode ser percebido como um jogo no qual os poetas se destacavam pelo modo como lidavam com a tradição literária através da imitação e emulação dos seus modelos, com seus rearranjos e apropriações pontuais que tornavam seus textos uma obra digna de ser um monumentum. Vários são os jogos dentro da tradição literária antiga: os jogos de amor e lamento das elegias,  os jogos pela imortalidade e altivez da poesia épica, os jogos do helenismo que revolve e transforma os gêneros poéticos e assim por diante.

Finalmente, temos o ludus em termos educacionais: ludus ou σχολή (skholḗ) refere-se também ao lugar da educação formal nas sociedades grega e romana. Era nesse local que por volta dos sete anos de idade meninos e meninas iniciavam a sua instrução. As escolas de primeiras letras, sob o comando do litterator ou ludimagister eram frequentadas por alunos pertencentes ao que poderíamos definir, não sem certa imprecisão, como o estamento médio da sociedade clássica. Já os filhos da aristocracia ficavam sob os cuidados de um professor particular – tutor ou pedagogo. Por volta dos onze ou doze anos, os estudantes eram encaminhados à escola do grammaticus, o segundo nível da escolarização. Nessa etapa, a instrução passava a ser ministrada visando os fundamentos da retórica, da eloquência e da literatura clássica. Por volta dos quinze anos, aquele cuja família dispusesse de recursos estaria apto a cursar os estudos superiores na escola do retor, onde se aprofundaria em gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, música, astronomia e filosofia. Não obstante a formação proporcionada pelo retor envolver múltiplas disciplinas, não resta dúvida de que a mais importante delas era a arte retórica.

Espera-se contribuições submetidas à nossa VI Jornada de Estudos Clássicos abordem: i) os esportes, competições, jogos ou questões ligadas ao lazer e performances visando o entretenimento no mundo antigo; ii) os jogos poéticos e literários manifestos pelos arranjos, rearranjos e apropriações dos autores clássicos em seus textos; e iii) reflexões sobre os locais de instrução formal da retórica e oratória, seja a skholḗ ou o ludus, e seus aspectos formativos.

A JEC

As Jornadas de Estudos Clássicos Ufes vêm, desde 2010, cumprindo um papel importante na construção de um espaço comum de debate entre as diversas áreas do saber - a história, a filosofia, a literatura, a arqueologia, entre outras - que compõem os Estudos Clássicos, área intrinsecamente transdisciplinar, fomentando o intercâmbio entre os pesquisadores do Mundo Antigo, quebrando a antiga barreira que separa os estudiosos em áreas estanques. Os resultados extremamente positivos dessa iniciativa nos estimula a reeditar o evento bianualmente, de modo a consolidá-lo como fórum permanente de debate, capaz de reunir pesquisadores e alunos de pós-graduação e graduação que têm desenvolvido pesquisas na área dos Estudos Clássicos. Desse modo, as Jornadas representam excelentes oportunidades não só para que os pesquisadores do ES integrem suas pesquisas e divulguem seus trabalhos, concluídos ou em andamento, mas também para que a comunidade universitária regional entre em contato com pesquisadores da área, oriundos de outras instituições brasileiras.

Objetivos

Tendo em vista a dupla função do ensino superior, a saber, a formação profissional e a pesquisa, a Sexta Jornada de Estudos Clássicos da Ufes tem como objetivos:

  • - Favorecer o diálogo entre professores e estudantes de diversos cursos da Ufes que têm a Antiguidade Greco-Romana como objeto de estudo;

  • - Ser um fórum para o intercâmbio científico entre os pesquisadores da Ufes e de outras universidades brasileiras;

  • - Apresentar aos alunos de graduação e de pós-graduação uma prática de estudo interdisciplinar;

  • - Propiciar o contato de alunos e professores do Espírito Santo com a produção científica gerada por pesquisadores da Ufes e de outras universidades brasileiras na área dos Estudos Clássicos.

Conferencistas confirmados:

Profa. Dra. Charlene Martins Miotti (UFJF)

Prof. Dr. Matheus Trevizam (UFMG)

Prof. Dr. Rafael da Costa Campos (Unipampa)

Prof. Dr. Raimundo Nonato Barbosa de Carvalho (Ufes)

 

Valores de Inscrição:

Com apresentação de trabalho:          

  • - R$ 50,00 [Professor Universitário ou profissional pós-graduado]

  • - R$ 35,00 [Aluno de pós-graduação ou profissional graduado]

  • - R$ 20,00 [Aluno de graduação, sendo necessária a anuência do orientador]

Sem apresentação de trabalho:

  • - R$ 15,00 [Ouvinte]

Inscrição:

Convidamos professores, pesquisadores e alunos a apresentarem comunicações sobre tópicos relacionados ao tema do evento. Os resumos de comunicações propostas não devem ultrapassar 200 palavras, e devem vir acompanhadas de: título; nome e titulação do autor; instituição a que o autor se vincula; três palavras-chave. Os resumos devem ser encaminhados até o prazo máximo de 30 de abril de 2017 para o email estudos.classicos.ufes [at] gmail.com (subject: Inscri%C3%A7%C3%A3o%20-%20VI%20JEC%2FUfes) . Os trabalhos de alunos de graduação deverão ser enviados pelo orientador. Cada comunicação não deverá exceder 20 minutos. O pagamento das inscrições com apresentação de trabalho só deverá ser realizado após o recebimento do aceite do trabalho, através de depósito em conta corrente, com envio do comprovante por e-mail. O pagamento de inscrição de ouvinte ocorrerá no dia 08 de junho, das 17h às 20h, na sala do Programa de Estudos em Representações da Antiguidade (Proaera), segundo andar do Módulo II do Prédio Barbara Weinberg, campus Goiabeiras, da Ufes.

Seleção dos Trabalhos:

A chamada de trabalhos ocorrerá a partir da última semana de março, com prazo limite para envio de proposta de comunicação estabelecido para 30 de abril de 2017. Durante este período, a Comissão Científica do evento, composta por membros da Ufes e de outras universidades brasileiras, procederá à seleção dos trabalhos, levando em conta:

  • - A pertinência à área do evento;

  • - A pertinência ao tema proposto para o evento;

  • - A relevância e atualidade do trabalho.

Só serão aceitos trabalhos de alunos de graduação e de pós-graduação mediante a aprovação do orientador. Os trabalhos aprovados receberão carta de aceite visando a maior celeridade possível, impreterivelmente até o dia 15 de maio de 2017.

Local do evento:

A JEC será realizada no campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória-ES.

 

Atenciosamente,

Ana Gabrecht

Camilla Ferreira Paulino da Silva

Leni Ribeiro Leite

Natan Henrique Taveira Baptista

Comissão Organizadora.

Acesso à informação
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